Novo líder do campeonato, australiano cruza em primeiro, seguido por Alonso, Vettel e Massa; Barrichello arranca um ponto com ultrapassagem fantástica
Mark Webber brilhou na estratégia. Rubens Barrichello, na ousadia. O australiano da RBR se agarrou aos pneus supermacios para abrir vantagem na ponta e voltou ao topo da classificação na temporada ao vencer o GP da Hungria neste domingo, seguido por Fernando Alonso, Sebastian Vettel e Felipe Massa. Em uma prova que não teve lá grandes emoções, o toque abusado saiu do acelerador de Rubinho. Na 66ª volta, o brasileiro deu um bote sensacional no heptacampeão Michael Schumacher e, mesmo espremido no muro, ganhou a décima posição para somar um ponto que valeu a corrida.
O domínio da RBR no fim de semana em Hungaroring foi tanto que só uma besteira da equipe poderia ameaçar a vitória. E o olha que o time austríaco tentou: Vettel se atrapalhou na saída do safety car na 18ª volta, e Webber apostou todas as fichas numa tática arriscada. No fim das contas, deu certo. Com voltas muito rápidas usando o mesmo pneu supermacio do início da prova, o australiano abriu enorme vantagem para Alonso antes do pit stop na 43ª passagem e voltou da parada com boa folga. Depois, bastou receber a bandeirada em sua quarta vitória no ano.
O espanhol da Ferrari garantiu o segundo lugar após resistir à pressão de Vettel na parte final da corrida. O alemão chegou a liderar, mas se complicou após cometer uma irregularidade antes da saída do safety car, que entrou na pista por causa de um pedaço de asa dianteira jogado no meio da pista. No momento da relargada, Vettel deixou que o líder Webber abrisse vantagem equivalente ao espaço de mais de dez carros, o que é ilegal. Com isso, acabou punido pela direção de prova com um drive through – passagem pelos boxes.
Se Massa não conseguiu brilhar, o torcedor brasileiro foi encontrar um motivo de orgulho lá atrás, na briga pela décima posição. Barrichello, que fez um pit stop tardio e estava com os pneus supermacios, se aproximou rapidamente de Schumacher nas últimas voltas. Após algum tempo colado no rival, o brasileiro colocou sua Williams de lado na 66ª passagem. O heptacampeão espremeu o adversário até o muro, quase causando um acidente grave, mas Rubinho não tirou o pé, completou a ultrapassagem e levou o ponto na Hungria. Depois da prova,chamou o alemão de "louco". Os comissários da prova tiveram avaliação semelhante, e o alemão foi punido pela atitude antidesportiva: perderá 10 posições no grid do próximo GP, na Bélgica, no dia 29 de agosto.
Felipe fez uma corrida discreta. Chegou a cair para quinto na entrada do safety car, mas teve sorte com a quebra de Lewis Hamilton. O inglês da McLaren sofreu um problema mecânico na 24ª volta e parou no meio da pista. Com o abandono, caiu para a segunda posição no campeonato, quatro pontos atrás de Webber. Vitaly Petrov, da Renault, conseguiu seu melhor resultado do ano com o quinto lugar. Bruno Senna, da Hispania, chegou em 17º. Lucas Di Grassi, da VRT, foi o 18º.
A corrida
Como é tradicional em Hungaroring, o dia teve muito sol e calor, com temperatura ambiente de 28ºC. Circuito com pouquíssimos pontos de ultrapassagem, as emoções normalmente acontecem na largada. E foi ali que houve troca de posição. Vettel manteve a frente, mas Webber, que saía pelo lado sujo, perdeu a segunda posição para Alonso. Massa se manteve em quarto.
Barrichello foi um dos que mais lucraram na largada. O brasileiro pulou de 12º para nono. Ele tentava uma tática diferente: enquanto a maioria dos pilotos à sua frente saía com os pneus supermacios, sua Williams estava com os duros e poderia retardar o pit stop. Um pouco mais adiante, Hamilton passava Petrov por fora para assumir a quinta posição.
A corrida, então, entrou na tradicional fila indiana de Hungaroring, com Vettel destacado na ponta, e Alonso segurando Webber em terceiro. Massa vinha em quarto, já mais distante. O cenário ficou inalterado até a 15ª volta, quando um pedaço da asa dianteira de Liuzzi apareceu no meio da pista após uma disputa com Button.
A direção de prova achou melhor colocar o safety car na pista, o que provocou uma ida maciça aos boxes para os pit stops. Webber, no entanto, permaneceu na pista e assumiu a liderança. Vettel caiu para segundo, com Alonso em terceiro. Massa perdeu a quarta posição para Hamilton. Uma série de trapalhadas nos pits virou o destaque do momento da corrida: a Renault liberou Robert Kubica na hora errada e ele bateu em Adrian Sutil. Um pouco antes, a Mercedes não prendeu bem a roda traseira direita de Nico Rosberg, que se soltou e forçou o alemão a abandonar.
Na 18ª volta, o safety car entrou nos boxes, e Webber manteve a primeira posição na relargada. Vettel, por sua vez, cometeu um erro primário ao deixar o australiano abrir mais de dez carros entre eles após a saída do carro de segurança. A direção de prova anunciou a investigação do incidente e puniu o alemão na 29ª passagem. Antes de cumprir a pena, ele começou a andar rápido para tentar se livrar do espanhol da Ferrari.
Com voltas em ritmo de treino classificatório, Webber abria uma enorme vantagem para Alonso, mesmo com seus pneus supermacios já muito desgastados. Vettel entrou nos boxes na 32ª volta para cumprir o drive through, mas só perdeu uma posição e caiu para terceiro. Nesta altura, o australiano já tinha 16s1 de frente, mas ainda precisaria de pelo menos mais dois segundos para fazer o pit stop.
Na volta 41, já com 23 segundos de vantagem, a RBR avisou Webber que a vantagem já era suficiente para fazer seu pit stop e voltar na frente. Após duas passagens, o australiano entrou nos boxes, colocou os pneus duros e voltou na frente de Alonso com boa folga. Nesta altura, o espanhol já tinha Vettel, irado com a punição que recebeu, nos seus calcanhares.
Embora estivesse perto, Vettel não conseguia colocar seu carro em condições de ultrapassar Alonso e Webber tinha 20 segundos de vantagem para os dois nesta altura. Barrichello, que vinha em quinto sem fazer o pit stop, teve de entrar nos boxes na 56ª volta. O brasileiro voltaria à corrida na 11ª posição, fora da zona de pontuação, mas próximo de Schumacher.
Barrichello colou em Schumi na 62ª, para tentar ganhar um ponto na corrida. O duelo atraiu a atenção de todos, inclusive da transmissão de TV oficial, que manteve suas câmeras ligadas em ambos. O brasileiro reclamou do alemão pelo rádio, mas tentou a manobra quatro voltas depois. Com uma manobra suja, o alemão espremeu o brasileiro no muro, quase causando um acidente. Só que o piloto da Williams se manteve firme e ganhou a posição, arrancando aplausos.
Enquanto isso, na frente, Webber cruzava com tranquilidade a linha de chegada, seguido por Alonso e Vettel. O alemão ficou muito próximo, fez a melhor volta da prova na última, mas não conseguiu se colocar em posição para tentar a ultrapassagem. Discreto, Massa chega em quarto, e Barrichello, após a bela ultrapassagem, conseguiu a décima posição na Hungria.
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